Se lembrarmos Luis Buñuel, em Los Olvidados, o primeiro filme da fase mexicana do cineasta, será simples entender. Os esquecidos serão sempre esquecidos primeiro. Entregues à própria sorte.
Vivemos este momento de negacionismo, nega-se a ciência, nega-se a história, nega-se a verdade escancarada em números. Transitamos entre a falsidade e perversidade. Precariza-se o trabalho, humilha-se o trabalhador. Um mundo de mentiras e fake news debocha todos os instantes de nossa cara. O país mergulha em um abismo que hoje parece assustar o mundo.
No entanto, não tenha ilusões quanto a nada que foi escrito como obra do despreparo e torpeza ou algo que o valha. Não… tudo isso é um projeto pensado de destruição de pilares, que em qualquer sociedade, por menos humana que pareça, seguram e mantém uma nação de pé. Educação e saúde são espinhas dorsais de uma sociedade. Sem que elas floresçam, não haverá futuro… Esqueçam
A flexibilização atende a quem?
Quando prefeitos e governadores se assanham em abrir comércios, academias, shoppings, bares e restaurantes, estão apenas lavando as mãos. É o popular cada um com o seu cada um. Simples assim. Você sai de casa e se vira. Para fazerem isso, usam de todas as desculpas: economia parada, desemprego etc… Como se o país já não vivesse a debilidade econômica desde o ano passado.
A Fiocruz vem alertando para o risco da flexibilização. Principalmente quando essa flexibilização foca no retorno às atividades escolares presenciais. Com o claro intuito de atender o lobby do setor privado da educação e às sandices de Brasília, e na contramão da Ciência, o prefeito Crivella lava as mãos e entrega a decisão de abrir as escolas privadas a seus ‘donos’, distinguindo a rede pública da rede privada, como se a Educação fosse uma mercadoria que estivesse na prateleira, esperando para ser consumida.A loucura do prefeito pastor tende a ser seguida por outros prefeitos e políticos que desprezam a ciência e o que ela representa. O caldo para o desastre está colocado. Mas quem vai se responsabilizar, quando a infecção se espalhar nas escolas e entre os estudantes e professores e as mortes começarem?
A Fundação Oswaldo Cruz recentemente encaminhou à Comissão Permanente de Educação da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, documento sobre o risco de retorno às atividades escolares no Município do Rio de Janeiro, durante a pandemia da Covid-19. Elaborado pelo diretor da ENSP, Hermano Castro; e pelo pesquisador da Escola, André Perissè, o documento visa subsidiar autoridades públicas para a futura reabertura das escolas.
Castro e Perissé afirmam ser necessária a construção de diretrizes e protocolos rígidos para monitoramento e controle de casos, atenção redobrada para os alunos especiais e política de abordagem psicossocial e saúde mental. No momento, o município do RJ ocupa o primeiro lugar em quantidade de casos e mortes em relação a todo Estado. Isso não é pouco.
Nesta encruzilhada, os professores vem sofrendo assédio. São perseguidos descaradamente. Não consideram que foram eles que encontraram saídas em meio a crise do Covid para que alunos não ficassem sem aulas. Está claro hoje que os professores trabalham mais horas com aulas à distância do que com aulas presenciais. Como prêmio, muitos foram demitidos ou tiveram seus salários reduzidos.
A perseguição do momento é forçar o retorno às salas de aula. Mesmo diante de todas evidências que apontam que a pandemia está sem controle no país. Voltar é correr risco de morte, asseguram médicos e cientistas.
O Sinpro Macaé convoca toda a população, principalmente os profissionais da educação, pais, mães e familiares a protegerem seus filhos e filhas. NÃO É HORA DE VOLTAR.
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