Dando continuidade à Campanha dos 16 Dias de Ativismo, homenageamos as Mulheres , nesse 2 de dezembro, quando é celebrado o Dia Nacional do Samba.

A data está instituída por lei desde 1964, pelo Congresso Nacional.

O Dia Nacional do Samba é uma homenagem a Ary Barroso (1903-1964). Foi nesse dia, nos anos 30 do século passado, que o grande compositor – mineiro de Ubá, radicado no Rio – descobriu-se “brasileiríssimo”, ao visitar Salvador pela 1ª vez, encontrando belezuras a partir da “Baixa do Sapateiro”. Ali Ary captou as cores para sua octagenária e eterna “Aquarela do Brasil”, cuja primeira gravação vem de 1939.

O samba, carioca, baiano, do Brasil e do mundo, é uma espécie de ritmo matriz da música brasileira. Nele, a percussão é a marca decisiva. Mais do que instrumentos de sopro e corda, o que dá alma ao samba é o batuque. Até com o acompanhamento de uma caixinha de fósforos se entoa um bom samba!

Neste caminhar, a participação das mulheres no gênero começou na fundação mitológica em torno de Hilária Batista de Almeida (1854-1924) , mais conhecida como a ” grande mãe” Tia Ciata.

O samba sempre falou e cantou as injustiças sociais , a vida nos morros e nas periferias, a alegria e a resistência de quem tinha pouco dinheiro e pouca sorte e as mulheres seguiram a tradição.

Por muito tempo, as mulheres não tiveram ” a vez no samba ” . A luta por um espaço, nas rodas de samba , nas composições, nos palcos e o próprio sucesso eram territórios dominados por homens.

Exaltar a nossa cultura , o valor dos primeiros batuques do samba com a presença feminina foi essencial para que essa cultura perpetuasse.

O apagamento só não foi maior pelo fundamental papel exercido pelas mulheres, em especial, pelas mulheres negras , a quem o espaço público sempre foi negado.

É também mérito de uma mulher negra o pioneirismo da visibilidade feminina no samba. Com sua voz , Dona Ivone Lara se tornou a primeira a compor um samba enredo vencedor , em 1965, ” Os Cincos Bailes da História do Rio de Janeiro ” , na Império Serrano, a Verde e Branco, de Madureira.

Por isso , queremos falar de Tia Ciata , Clementina de Jesus , Dona Ivone Lara, Jovelina Perola Negra , Elizeth Cardoso, Elza Soares, Clara Nunes,Beth Carvalho, Alcione, Lecy Brandão, Tereza Cristina entre tantas. Como mulheres, elas não se restringiram a um papel imposto ou a um lugar pré-determinado. Elas foram à luta , criaram suas próprias oportunidades e se imortalizaram com a sua arte .

Viva o Samba! Viva as mulheres!

Por Guilhermina Rocha
Em memória da Dona Cecília minha mãe.